Taberneiro

Conta tua estória, amigo meu,
que senta agora frente a mim
enquanto engole um trago seco
do meu bom tonel de gim.

Conta, conta tudo que eu escuto:
meus ouvidos são bem limpos,
minha audição é bem sincera,
e meu olhar, preocupado,
coisa assim sempre espera.

Sei que vai ser só por hoje
então por hoje é que se afogue
nessas mágoas tão baratas
quanto o gim que tanto engole,

sou mais barato que analista,
amigo, puta ou conhecido
comigo, bebe enquanto chora
enquanto usa meu ouvido.

Mas por favor não conte à ninguém,
pois sobre ti vou escrever,
mais tarde, a noite ao escurecer,
eternizar no meu caderno,
tua grande aflição: mulher.

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